segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vovó (in memorian)


Aquela mulher, minha mãe avó, rosto iluminado por uma labareda que tinha origem no fogão de lenha, trazia consigo o dom de me devolver a calma que a vida tantas vezes insistiu em me roubar.

Aquela cena, mulher, fogão de lenha, panela preta, escondendo a brancura de um arroz feito na hora, é uma das cenas mais preciosas, que meu coração não soube esquecer.

Saudade de mãe é coisa sem jeito, chega quando menos imaginamos: um cheiro, uma melodia, uma palavra, uma imagem e eis que o cordão do tempo, nos convida ao retorno a infância, como se um fio nos costurasse de novo ao colo da mulher que primeiro nos segurou na vida e agora pudesse nos regenerar.

Saudade de mãe é ponte que nos favorece um retorno a nós mesmos. Travessia que nos recorda uma identidade muitas vezes esquecida, perdida na pressa que nos leva.

Saudade de mãe é devolução, é ato que restitui o que se parte; é luz que sinaliza o local do porto, é voz no ouvido a nos acalmar nas madrugadas de desespero e solidão através de uma frase simples:
“dorme meu filho, dorme”

Hoje, nesse dia em que a vida me fez criança de novo; neste instante em que esta cena feliz tomou conta de mim, uma única palavra eu quero dizer:


Oh, minha avó que saudade eu sinto de você!

4 comentários:

Gaby Lirie disse...

Saudade bonita *.*

Lindo texto!

angela disse...

Muito comovente e delicado seu texto.
Gostei muito
beijos

Cristiana Passinato disse...

embora os cenários e a realidade díspara de minha avó da sua, temos e sentimos algo em comum, a imagem e a saudade de nossas queridas avós...
A minha era uma santinha, mas possuí postura de lady, retidão de uma cristã convícta e o dom de educadora, mãe, com o olhar terno e cândido de Maria, nossa Mãezinha...
Ah que saudade, de minha vovó Lygia, tb...
Bjs,
Cris

Cristiana Passinato disse...

embora os cenários e a realidade díspara de minha avó da sua, temos e sentimos algo em comum, a imagem e a saudade de nossas queridas avós...
A minha era uma santinha, mas possuí postura de lady, retidão de uma cristã convícta e o dom de educadora, mãe, com o olhar terno e cândido de Maria, nossa Mãezinha...
Ah que saudade, de minha vovó Lygia, tb...
Bjs,
Cris