quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Titulo de Eleitor, para que serve?


O Brasil em vésperas de eleições sempre vislumbra uma enchente de denuncias, dossiê e coisas do tipo.

Uma das que ocupa a pauta no STF é a obrigatoriedade ou não de dois documentos no momento do cidadão exercer seu papel cívico, ou seja, o direito ao voto!

Tal assunto foi levado ao STF via recurso impetrado pelo PT (Partido dos Trabalhadores) que não reconhece a necessidade em caráter de obrigação a apresentação dos dois documentos, sendo eles o titulo de eleitor e um documento  com foto.

Na sessão que se realizou ontem no STF, muitos comentários enriqueceram a posição do PT, comentários que em suma vão na direção da não necessidade do TITULO DE ELEITOR, e sim a apresentação de apenas um documento de foto, pois segundo alguns dos ministros, é um direito declarado em nossa constituição, logo ninguém poderá ter esse direito negado, nem mesmo por falta de um segundo ou terceiro documento.

Outra alegação ainda nessa direção nos lembrava que a urna já tem uma lista de eleitores habilitados nas respectivas sessões, logo ali já consta todas as informações do mesmo sendo necessária apenas uma comprovação do mesmo.

Porem, nada disso foi o suficiente. A praticamente três dias das eleições, quando tudo parecia que o STF iria dar como vencida a discussão, eis que o nobre Ministro Gilmar Mendes pede vistas do processo.

Hoje, a Folha divulga em seu caderno uma ligação realizada horas antes entre o candidato Jose Serra e o Ministro Gilmar Mendes onde desencadeou no pedido de vistas.

Bem, em um cenário onde a cada dia o trafego de informações corre a céu aberto, talvez o bom seria colocar um pedágio entre esse trafego de informações, o que acha Serra?

O certo é uma coisa, para que afinal de contas serve o tal do Titulo de Eleitor? Nunca o usei, todas as vezes que fui votar apenas apresentei meu RG e pronto.

Mas me dou por vencido, e volto a questão acima, quem sabe um pedágio nesse trafego de informações poderia no mínimo, arrecadar umas merecas.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Lições de um inesquecivel principe

          “O Pequeno Príncipe”, obra mais conhecida do escritor francês Saint-Exupéry, é um livro de sempre, de todas as horas, de todos os momentos da vida. Em recente releitura, selecionei um pequeno fragmento dessa maravilhosa prosa poética para refletir o sentido da vida…

          “As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém… Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto… e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!”

(Antoine de Saint-Exupéry)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Lições da Boneca Emilia

Vale a pena reler a obra de Monteiro Lobato. Quantos ensinamentos e reflexões trazem as aventuras da Turma do Sítio. Memórias da Emília é um verdadeiro tratado de Filosofia. Com senso de humor sutil, mas afiado, suas palavras nos provocam, cutucam , incomodam. Deliciosamente. Conta que certo dia, Emília resolve escrever suas memórias. Convoca, mandona, o Visconde de Sabugosa para auxiliá-la.  A boneca decide explicar o significado da vida, palestrando ao Visconde, já impaciente com a demora.   Emília defende-se:

- Sei dizer coisas engraçadas e até filosóficas. (…) Sabe o que é um filósofo, Visconde?
O Visconde sabia, mas fingiu não saber. A boneca explicou:
- É um bichinho sujinho, caspento, que diz coisas elevadas que os outros julgam que entendem e ficam de olho parado, pensando, pensando, Cada vez que digo uma coisa filosófica, o olho de Dona Benta fica parado e ela pensa, pensa…
- Ficam pensando o quê, Emília?
- Pensando que entenderam.
O Visconde enrugou a testinha e quedou-se uns instantes de olho parado, pensando, pensando. Aquela explicação era positivamente filosófica.
- E como sou filósofa – continuou Emília – quero que minhas Memórias comecem com a minha filosofia de vida.
- Cuidado, Marquesa! Mil sábios já tentaram explicar a vida e se estreparam.
- Pois eu não me estreparei. A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem  para de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais.(…)
O Visconde ficou novamente pensativo, de olhos no teto.
Emília riu-se.
- Está vendo como é filosófica a minha idéia? O Senhor Visconde já está de olhos parados, erguidos para o forro.(…) A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e anda; pisca e brinca;pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre? – perguntou o Visconde.
- Depois que morre vira hipótese. É ou não é?”


Temos que concordar com Emília. E se há vida, não fechemos , então, nossos olhos.