quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O sujo falando... do sujo?

O sujo falando... do sujo?

Por Bruno de Alencar


Bons tempos aqueles que o sujo falava apenas do mal lavado. Agora, com a divulgação de inúmeros escândalos no congresso nacional, o que vemos é o Sujo falando do Sujo (ou mais sujo ainda, tanto faz).

Há pouco tempo o Brasil acompanhou o intenso confronto do senador Renan Calheiros (PMDB/AL) com o seu ‘colega’ Arthur Virgílio (PSDB/AM). Era uma batalha pela ‘ética’, afinal, o tucano havia custeado aulas de teatro para um assessor na Europa com dinheiro público.

A comprovação do fato foi um escândalo para a bancada de oposicionista no Congresso Nacional. A Confissão de Virgílio, então, já era dada como um passo para a cassação.

O caso tomou proporções gigantescas. Renan protocolou uma representação contra o tucano que, dias depois, acabou se transformando em pizza (uma prática corriqueira na política nacional).

Quando todos pensavam que a crise no congresso havia terminado. Quando o senado retoma a sua rotina e volta a analisar os projetos em tramite na casa, estoura outra bomba. RENAN TAMBÉM TERIA COMETIDO A MESMA IRREGULARIDADE QUE VIRGÍLIO.

Já dizia o pensador: “A vingança é um prato que se come frio!”.

O então paladino da justiça, o “super-homem” do senado, Renan Calheiros - tantas vezes acusado de irregularidades, mas firme na manutenção de seu mandato -, como pode, ele também teria feito o mesmo?

Pois é. Acreditem. Ele fez.

Arthur Virgilio reabriu uma ferida aparentemente fechada. Foi ao plenário do senado e afirmou orgulhoso: “Aguardo a manifestação do senador Renan sobre o assunto, porque foi assim que eu agi e esperava que a partir do meu exemplo tivesse se estabelecido aqui um padrão".

(meu querido leitor, qualquer semelhança com o slogan ‘rouba, mas faz’ é mera coincidência).

Mais uma vez Virgílio assume o seu “erro”, mas desta vez se transforma na ‘voz do povo’. Renan, por sua vez, se esquiva de denuncia, afirmando que “Não compete a nenhum senador tratar aqui de frequência de servidor. Eu nunca cuidei disso e nunca vou cuidar".

O líder tucano ainda foi além e cobrou da Mesa Diretora do Senado uma relação completa dos servidores que fizeram curso no exterior. "Não abro mão de ter em minhas mãos a lista de todos os servidores que estão fazendo curso no exterior e continuam contratados no Senado", disse Virgílio.

A situação no senado brasileiro é triste. Foi-se o tempo que o sujo falava do mal lavado. Hoje em dia é o sujo falando do sujo. E o pior é que é com o nosso dinheiro que esses parlamentares lidam diariamente.

Adaptando uma frase histórica do ‘poeta’, Paulo Maluf: “Estuprem (o senado), mas não matem”.