Se tudo correr conforme o script, finalmente o ministro da Defesa Nelson Jobim depõe logo mais na CPI dos Grampos na Câmara dos Deputados.
Jobim deve esclarecer as afirmações de que a Abin possui equipamento capaz de fazer escutas telefônicas, o que a Abin nega e é contra a lei, porque não faz parte das atribuições da agência. Quem pode fazer escutas telefônicas com autorização da Justiça é a Polícia Federal.
Mas Jobim também está numa saia justa danada (situação esquisita num homão daquele tamanho). Mandou informar à CPI que as Forças Armadas realizaram sete grampos desde o ano passado.
Pois não é que o ministro foi desmentido por seu próprio pessoal. O Superior Tribunal Militar e o Ministério Público Militar já tinham informado oficialmente à CPI que as Forças Armadas fizeram 234 escutas telefônicas.
Vou repetir: 234 escutas telefônicas! Não é extraordinário?!
E o ministro Jobim sequer ficou corado. Não pediu demissão, não demitiu ninguém. Nada.
Outro dia mesmo, o deputado Protógenes Guimarães afirmou que recebeu a ajuda de “alguns” agentes da Abin, que atuaram informalmente na Operação Satiagraha.
Em seguida, ficamos todos sabendo que “alguns” eram 56! Isso mesmo: 56 agentes da Abin atuaram na Operação Satiagraha.
Ontem, como se não bastasse mais nada, o segundo homem na hierarquia da Polícia Federal foi preso, acusado de corrupção passiva e de passar informação privilegiada às empresas de Eike Batista.
Tudo isto reforça a convicção de que ninguém manda nada nestes aparatos de inteligência.
Não manda o ministro Jobim, não manda o general Jorge Félix, não manda o ministro Tarso Genro.
Isto é ruim. Quando os porões ganham autonomia, perde a democracia.