quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Quem será que manda nisso aqui!

Se tudo correr conforme o script, finalmente o ministro da Defesa Nelson Jobim depõe logo mais na CPI dos Grampos na Câmara dos Deputados.

Jobim deve esclarecer as afirmações de que a Abin possui equipamento capaz de fazer escutas telefônicas, o que a Abin nega e é contra a lei, porque não faz parte das atribuições da agência. Quem pode fazer escutas telefônicas com autorização da Justiça é a Polícia Federal.

Mas Jobim também está numa saia justa danada (situação esquisita num homão daquele tamanho). Mandou informar à CPI que as Forças Armadas realizaram sete grampos desde o ano passado.

Pois não é que o ministro foi desmentido por seu próprio pessoal. O Superior Tribunal Militar e o Ministério Público Militar já tinham informado oficialmente à CPI que as Forças Armadas fizeram 234 escutas telefônicas.

Vou repetir: 234 escutas telefônicas! Não é extraordinário?!

E o ministro Jobim sequer ficou corado. Não pediu demissão, não demitiu ninguém. Nada.

Outro dia mesmo, o deputado Protógenes Guimarães afirmou que recebeu a ajuda de “alguns” agentes da Abin, que atuaram informalmente na Operação Satiagraha.

Em seguida, ficamos todos sabendo que “alguns” eram 56! Isso mesmo: 56 agentes da Abin atuaram na Operação Satiagraha.

Ontem, como se não bastasse mais nada, o segundo homem na hierarquia da Polícia Federal foi preso, acusado de corrupção passiva e de passar informação privilegiada às empresas de Eike Batista.

Tudo isto reforça a convicção de que ninguém manda nada nestes aparatos de inteligência.

Não manda o ministro Jobim, não manda o general Jorge Félix, não manda o ministro Tarso Genro.


Isto é ruim. Quando os porões ganham autonomia, perde a democracia.