terça-feira, 5 de agosto de 2008

Se Liga 16

Por Lucia Hippolito

Lembram-se dessa campanha?

Durante a Constituinte, a UNE e outros movimentos estudantis lançaram a campanha “Se liga 16”, para conscientizar os jovens sobre a importância do voto e para convencer a Constituinte a diminuir a idade mínima para votar.

Como resultado da campanha, a Constituição de 88 adotou o voto facultativo para jovens de 16 e 17 anos. Nas primeiras eleições, foi maciço o alistamento eleitoral dos jovens.
Entretanto, desde 2004 este número vem caindo consistentemente, confirmando o enorme desencanto dos jovens com a política.

Vamos aos números. Entre 2004 e 2008, o eleitorado brasileiro total cresceu 7,43%, de 121 milhões para 130,6 milhões.
(Como não há eleições em Brasília nem em Fernando de Noronha, deverão comparecer às urnas este ano cerca de 128 milhões de eleitores.)

Em movimento contrário, o eleitorado de 16 e 17 anos teve uma queda, entre 2004 e 2008, de 19%: caiu de 3,6 milhões para 2,9 milhões de eleitores jovens. Na cidade do Rio de Janeiro, então, a queda foi brutal: 35%, de 42,9 mil para 27,4 mil eleitores de 16 e 17 anos.

(Existe também uma crença, verdadeira em muitas cidades, de que os eleitores de primeira viagem são sempre convocados para trabalhar como mesários no dia das eleições.)

Seja em ditaduras ou em Estados democráticos, os jovens engajam-se na política principalmente quando esperam que amanhã seja melhor que hoje.

Há, indiscutivelmente, uma aposta no futuro.

Ganhe ou não as eleições americanas, Barack Obama já tem o indiscutível mérito de ter trazido a juventude americana de volta para a política. Nos Estados Unidos, os jovens não tinham tamanha participação política há quase 40 anos.

Mas no Brasil, a sucessão de escândalos impunes desde 2004 gerou na sociedade em geral, e nos jovens em particular, um tremendo desencanto com a política e os políticos.

Mensalão, aloprados, sanguessugas, violação do sigilo do caseiro, cartões corporativos, dossiê contra Fernando Henrique e Ruth Cardoso, Daniel Dantas, a idéia de roubalheira generalizada e impune. Tudo isto afasta o jovem da política.

A sensação de impunidade, de que todos são iguais, “farinha do mesmo saco”, de que todos estão na política para “se arrumar”. A desilusão é grande.

E há também, não vamos nos esquecer, uma convicção generalizada – e não apenas entre os jovens – de que a política não afeta a vida quotidiana dos brasileiros.

A economia vai bem, o que é verdade. As pessoas estão comendo e comprando mais, o que também é verdade. Os empresários estão produzindo como nunca. Verdade também. Os banqueiros não conseguem parar de rir. Verdade verdadeira.

Então, por que se preocupar com a política?

Este é um grave equívoco. Equívoco que leva as pessoas de bem a abandonar a política nas mãos de... vocês-sabem-quem.

Contra isso, estudantes estão tentando reativar o “Se liga 16”. No Estado do Rio, o TRE se associou ao projeto. Escolas podem solicitar palestras e mesmo uma eleição simulada, para incentivar a participação dos jovens.

Para 2008, o slogan da campanha é “Vai ficar em cima do muro? Mude sua cidade para mudar o Brasil. Tire seu título: Se liga 16!”

Sem a energia, o entusiasmo e a dedicação dos jovens, não vamos muito longe. Vamos participar, moçada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meus amigos onde estão as novas informações Você em Pauta, nas últimas semanas, diversos fatos e acontecimentos foram ao ar em todos o pontos de informação, e sem dúvida, todos da redação, inclusive o Sr. Felliphe tem um papel decisivo nesse blog. Onde estam os erros e acertos do cidadão, em questão e a sua vontade de melhorar. Nos dias de hoje se não melhoramos e nos aperfeiçoamos somos descatados. A inteligência só não nos dá total condição completa segurança e sim a motivação; onde está sua? onde está o dom da palavra? onde está o Homem maduro e de alta confiança no que diz e clareza no que fala e esplêndido em relacionamentos?. Desculpe-me pelos erros de português não sou boa em lingua portuguesa pois nem completei o ensino superior só o basico, não estou a sua altura. Acho que é bom um pouco de educação c/ o leitor dos artigos e até dos comentário sitados pela redação cuidado. abraços. Fique por dentro do assunto.